Esta tela é minha. Ó dúvida cruel.
Registro
atividades para não esquecer do que fiz (ou penso que fiz) ao longo do tempo
pois, não sei você, mas eu tenho a mania masoquista de chegar ao fim do dia e
ficar me acusando de não ter feito nada e para não cair mais nessa armadilha
passei a escrever. E quando são atividades significativas envolvendo terceiros,
compartilho o registro numa tentativa de provar para mim mesma, mais tarde, que
não foi delírio nem imaginação, que foi real. Também porque aprendi com Anna,
uma personagem de um romance de Doris Lessing, que literatura é análise de
acontecimentos e no fundo é isso que faço ao escrever: análise, que não é
sinônimo de divã mas não exclui essa possibilidade: peça do cenário principal.
Ou seja: escrever é registro e análise, é uma forma de extravasar. Quando eu
tinha mais tempo livre levava dias escrevendo um texto, alisando as letras;
hoje aproveito as sobras das voltas do relógio e vou registrando com afinco e
sem muito pensar tudo o que posso e quando me parece inofensivo, publico. Foi o
caso do registro comemorativo que publiquei ontem aqui. Não estou querendo
mostrar serviço, me exibir ou esperando que me elogiem por isso, só estou
tirando proveito de uma forma de análise coletiva, pois a hipótese de delírio
de vários, juntos, é menos provável do que aquela do delírio de um só, em
particular. Pensando bem, pode ser mesmo que estejamos juntos sonhando, e que
sejamos todos pilhas alimentando a tal da matrix.