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de opinião
Queria fazer uma perguntinha, mas gostaria que
as pessoas fossem bem sinceras em suas respostas. Não é pegadinha nem crítica a
erro alheio nem zombaria, porque errar todos erramos e errar não é vergonha,
estou apenas curiosa pelas respostas e a curiosidade é o que me move aqui, nada
mais.
Vamos à pergunta: você compraria um livro de
autor ou autora da qual você nunca ouviu falar, cujo texto de apresentação
começasse assim: "Desde criança tive
que aprender a lhe dar com perseguições." Você compraria?
MAUREM
KAYNA: Em nenhuma hipótese.
BEATRIZ
MECKING: Não.
MARCELO
BRAGA: Uma introdução bem 'refrequissiva'... (gargalhada)
MARIA
CRISTINA J SILVEIRA:
(risos) Não 'li-dei' bem com isso!
HELENA
FRENZEL: Pois é, antes que me
perguntem: eu acho que até abriria numa página aleatória e seguiria um pouco a
leitura para tirar a prova dos nove, mas provavelmente não compraria não. Não,
não compraria. Como já disse, errar é humano e eu não sou de julgar um livro de
cara só por uma capa ou por poucas linhas, mas...
CELÊDIAN
ASSIS: Certamente não compraria,
mas "lhe daria" (ao
autor(a)) um pouco mais de meu tempo, lendo pelo menos até o fim da
apresentação, onde talvez ele(ela) nos conte como conseguiu escrever um livro.
MARCO
AURELIO VIEIRA: Eu não.
HELENA
FRENZEL: Como já disse, não se
trata de uma crítica aos erros de Português que encontramos por aí, mas um
livro que é concebido com finalidade principal de vendas, venhamos e
convenhamos: é preciso atentar para todos os detalhes MESMO e está se tornando
muito freqüente encontrar casos em que o autor ou a autora (ou a casa
editorial) dá um tiro no próprio pé quando oferece ao leitor um produto cheio
de defeitos, não é não? Ainda mais em se tratando de autores iniciantes que
querem ganhar a atenção do leitor fora do seu ciclo de amigos e familiares, e
mais estranho ainda: desejam obter muitas vendas. Não sei, só queria mesmo
saber quantos dos meus colegas aqui comprariam um livro assim. Curiosidade
apenas. Eu respeito o esforço de todos os que escrevem ou tentam, pois só o ato
de escrever já vale por si.
CONCEIÇÃO GOMES: sou seletiva, penso que
não.
ANTONIO
MARIA SANTIAGO CABRAL: Tenho
clamado contra isso a vida inteira, principalmente nos sites literários de que
faço parte. O problema não é o ignorante, esse sabe o seu lugar; o problema é o
ególatra ignorante - o sujeito "pensa" que é escritor e/ou poeta e
sai por aí afora publicando os seus lixos literários.
TÂNIA
MENESES: não.
MIRIAM
DE SALES: Jamais! E se eu nunca
ouvi falar é porque bom não é.
LUCIA
NARBOT: Acho que não. Não penso
que todo escritor deva ser um expert em
Português (ou na língua na qual escreva), mas há erros inconcebíveis. Quem se
propõe a escrever deve ter a humildade de comprar, no mínimo, uma Gramática e
um Dicionário e consultá-los sempre, além de ler muito, porque é lendo que se
aprende a escrever.
ANTONIO
MARIA SANTIAGO CABRAL: Quem
escreve para o público tem a obrigação inalienável de ter o domínio do idioma;
se não o tem, que seja humilde e solicite ajuda de amigos mais instruídos ou de
profissionais para uma revisão adequada. Afinal, é prudente observar o ditado
latino: "Verba volant scripta
manent” (As palavras voam, mas os escritos ficam)
TANIA
ORSI VARGAS: eu penso que não
seria editado algo assim (risos), mas também penso que um bom escritor não é
aquele que escreve impecavelmente a sua língua, até porque existem pessoas que
se encarregam de fazer a revisão. Até porque quem é muito bom escritor sabe
escrever da melhor forma e literariamente.
PATRICIA
CUNHA LAGO: "Lhe dar"???
(risos). Não.
ANA
BAILUNE: Acho que eu ficaria
curiosa, e dependendo do preço, compraria, sim.
ANA
BAILUNE: Hum... Miriam, desculpe,
mas não concordo com o que você disse. Até Machado de Assis já foi um dia um
escritor mundialmente desconhecido. O pintor Van Gogh só vendeu um quadro em
vida...
JOSÉ
CLÁUDIO ADÃO: Lembra de minha
crônica "Quando rir não é o melhor
remédio?" Pois é... (risos).
HELENA
FRENZEL: Pois é, José Cláudio
Adão, lembrei na hora da sua crônica. Perfeita observação!
AILTON
AUGUSTO: Helena, a pergunta é
interessante. Não podemos desconsiderar, como foi levantado por você mesma e
pelos demais comentadores, que o ato de escrever exige conhecimento da língua
(ou humildade para buscá-lo) e que o trabalho de revisão deve ser feito com
seriedade e lisura para sanar os "erros" mais gritantes. Penso que
ler uma página aleatória ou pelo menos terminar de ler a apresentação seriam
atitudes melhores que uma decisão terminante de não comprar o livro. Apesar
disso, acho pouco provável que eu fosse comprá-lo nessas condições.
VANY
GRIZANTE: Autor desconhecido - sim,
compraria sem dúvida; mas com esse cartão de visitas, jamais. Se erro grosseiro
de Português (descontada a digitação, em pequena escala) for preconceito, então
sou preconceituosa assumida.
MICHELE CALLIARI MARCHESE: Opa! Saí de um livro assim... a história era boa, mas a quantidade de erros ortográficos e outras coisas mais, ficou medonho! Cruz credo!
* * *
HELENA
FRENZEL: Relacionado ao PAPO DE
ESCRITOR(ES) de hoje cedo, no qual perguntei se o leitor compraria, de autor
desconhecido, um livro com erros tais, lembrei de um caso que vi na Internet há
algum tempo e aqui compartilho: uma escritora contava em seu blog que havia
pago uma editora X para imprimir seu primeiro livro e quando recebeu o produto
quase morreu de raiva pelo que viu. Além do péssimo trabalho gráfico, ela disse
que ‘corrigiram’ o texto (que na verdade estava revisado e correto, segundo
ela) criando ‘erros crassos’ que não existiam no original, e que ela estava
brigando na justiça para conseguir o dinheiro de volta. Pior: quem viesse a ler
um exemplar não saberia se os erros foram do original ou da editora X, de modo
que todo mundo perdeu: a autora, os editores e os leitores. A experiência tem
me mostrado que não existe autor perfeito, todos somos humanos e cometemos
erros seja na hora de escrever ou editar. Observo, no entanto, que o que
prolifera hoje em dia são pessoas mal-intencionadas tentando se aproveitar de
quem sonha em publicar seus textos em forma de livro impresso, e isso eu também
levo em conta antes de tecer julgamentos sobre um produto editorial. Por isso
recorro à prova dos nove: ler um pouco mais para ‘crer’ e só depois julgar. Mas
quando os erros são 'terríveis', é muito difícil ignorar, por melhor que seja a
história... Mas comprar, não compro mesmo, pois aí já é uma outra história.
ANA
BAILUNE: Já achei erros até mesmo
em livros de gramática inglesa - e erros bem cabeludos... se errar é humano,
não conheço ninguém mais humana do que eu... nem esquento.
MIRIAM
DE SALES: Helena, você tem toda
razão; nosso mercado está cheio de oportunistas e falsos editores visando,
apenas, se aproveitar do iniciante, ansioso por ver sua obra publicada. Alguns
editores até se orgulham de ostentar o título de "comerciais",
recebendo o aval para publicar, no Brasil, lixo americano produzido para vender
aos mais desavisados; a literatura do espetáculo da qual nos fala Vargas Llosa.
Pior é na área de seletas e antologias. Uma verdadeira máquina de fazer
dinheiro. Conheço um caso em que o "organizador" contratou uma
editora séria para fazer o livro, não pagou tudo que devia, e, ainda, contratou
o livro já contratado a um site literário que faz livros mas não é editor, e
nunca buscou o contratado anteriormente, prejudicando a editora e,
principalmente, os autores.
CONCEIÇÃO GOMES: Sim, todo cuidado é pouco.
HELENA
FRENZEL: A coisa está pior do que
sonhava a minha vã filosofia (risos). Sim, no caso dessa escritora, ela
resolveu denunciar a casa editorial, pôs a boca no trombone mesmo, ou melhor:
no blog. Olho vivo, todos nós!! Valeu, Miriam de Sales, por sua participação.
Obrigada a todos os comentaristas, valeu!
Nota: a série Papo de Escritor(es) busca reunir, num único post, pontos mais importantes de conversas que temos por aí. A reprodução dos comentários foi devidamente autorizada por cada participante.
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