Foto: HFrenzel 2012
Quando o sol demorou a sair eu soube, o frio nos pés e nos ossos vieram me confirmar. Que ele havia chegado eu soube. “Chegou afinal”, falei. Assoviava
o vento e a chuva fina dedilhava na janela a trilha do seu chegar. Assim eu
soube, sonhei que ele estava chegando e quando acordei ele já estava lá, no
ponto. Fui ao seu encontro logo cedo, ainda escuro. Sacola arrumada e sem
desculpas, algum empecilho (?) nada, nada racional. De mãos dadas com os bolsos
fui ao seu encontro. E ao ver-me saindo, com uma salva de folhas o vento me
saudou: chuva natural de confetes, bela, cheirando a novo frescor, molhado,
esperança desfalecida alegre, satisfeita por vê-lo chegar. Saí hoje cedo logo
de manhãnzinha só para encontrar com ele e saciados do tempo ficamos sós, por
um momento e um pouco mais. Então, maravilhado, cessou o vento por um instante
e a espiar-nos, sorrateiro e manso, vimos o velho sol despertar. Final de setembro,
quase, ele veio este ano. Mais tarde ou mais cedo, todo ano ele vem e fica três
meses, renova-me as forças e então se vai. Eu o amo e sempre o aguardo na
certeza bamba de que ele não falha e na esperança falsa de não sentir sua falta
ao vê-lo passar.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Favor informar o nome da autora. Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. |