sexta-feira, 11 de julho de 2014

Uma casquinha para a reflexão



Recebi este email de uma amiga. Achei a mensagem tão linda e necessária que pedi a ela gentil permissão para publicar.

Por Márcia Montenegro

“Amiga, dia desses meu filho presenteou-me com uma grande lição de vida. Foi mais ou menos assim: ele teve um ótimo dia! Brincou, foi alimentado, cuidado, protegido, afagado, cercado de mimos, carinho e orientação. Ao final do dia fomos ao shopping e compramos roupas novas, sapatos e jogos de x-box, depois lanchamos no lugar escolhido por ele e quando já estava farto de todas as coisas, ele desejou um sorvete de casquinha. Pense, um mero sorvete de casquinha. Ocorre que quando meu marido foi comprar o tal, as lanchonetes já estavam fechando e a compra não foi possível. Meu filho então iniciou um choro lamentoso que se prolongou até o estacionamento. Ao chegarmos em casa, achei por bem perguntar a ele, esperando uma resposta entusiasmada face a todas as coisas bacanas que ele havia vivido e ganho naquele dia:
- Filho, você gostou do seu dia? Ele, de pronto, respondeu: - Foi o pior dia de todos! Perplexa voltei a indagar: - Mas por quê, filho? Ele saiu com essa: - Porque eu não ganhei sorvete de casquinha!
Meu marido e eu nos entreolhamos e, depois de corrigi-lo (o que o fez sair ainda mais chateado do quarto), comentamos que a pouca maturidade do nosso menino o fez dizer tamanha bobagem. Voltei-me para o meu marido e disse:
- É assim mesmo que nos portamos diante de Deus e do Nosso Senhor Jesus, meu querido, Dele tudo recebemos, a começar por este planeta lindo que insistimos em vilipendiar, até a nossa família, marido, filhos, pai, mãe, irmãos, amigos, trabalho, sustento, inteligência, saúde, habilidades, oportunidades. Recebemos tudo isso com ares de que assim o é por nosso próprio merecimento, e, se merecemos, tanto faz conservarmos tais coisas ou não, cuidarmos ou não, valorizarmos ou não, porque, segundo esse raciocínio, no final das contas novas e novas oportunidades nos serão dadas. Portanto, se lançamos fora a rica experiência do viver em família, basta arranjamos outra para substituir a anterior, se não estamos lá muito satisfeitos com o trabalho, rapidamente arranjamos um culpado para nossas agruras, vestimos a capa de vítimas e, certos de que mereceremos algo melhor (afinal a culpa é sempre dos outros), perdemos mais uma oportunidade de refletir, aprender e servir.

A pedra de tropeço desse modo de pensar e viver é que não somos credores da graça divina, antes, meros despenseiros da sua misericórdia. É por amor incondicional que tudo isto nos chega às mãos, não por justiça.
Enfim, Ele satisfaz até os nossos pequenos e mais pueris desejos (quem pode negar isto?), e, como não bastasse, arremata esta extensa lista de benesses concedendo-nos a esperança e a oportunidade de salvação, mediante a graça que há em Cristo Jesus.
Assim o faz, e, ao final de cada dia, de Sua boca misericordiosa e amável ouvimos em algum lugar de nossas almas esta simples pergunta: “Então, meu (minha) filho(a), como foi o seu dia?” No que, não raro, nos apressamos em responder: “Não foi tão bom assim não, o Senhor não me deu o sorvete de casquinha que eu tanto queria...”
Somos ou não somos crianças em espírito?”

* * *

Tanto acho que somos crianças em espírito, em nossa grande maioria, que resolvi publicar esta bela reflexão na esperança de que possa servir a outros, dado que a mim já serviu: me fez recordar que tudo é questão de perspectiva e que o mundo não gira em torno de nós.

Obrigada, Márcia, pela partilha. Muito mais Luz para você!



© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.