segunda-feira, 30 de junho de 2014

Do compromisso dos novos autores com a formação de novos leitores

Experiências como esta relatada pela Maurem Kayna eu acho muito válidas, dou todo o meu apoio. No Brasil hoje em dia parece que há tantos escritores (pelos menos há muitos escrevendo ou tentando escrever) que eu sempre me pergunto quantos destes escritores estariam dispostos a ir a escolas dar palestras ou fazer leituras gratuitamente. 

Vejo muitos reclamando da falta de leitores e percebo quase nenhum apoio prático às poucas iniciativas que se propõem a fomentar leitura e escrita num público infanto/juvenil (o Pequenos Escritores da Canastra, por exemplo, só para citar um). 

Levar esses pequenos leitores e escritores (pequenos poetas) a sério já seria uma grande contribuição para o desenvolvimento deles, pois ainda que a literatura da atualidade nunca venha a ser considerada 'literatura de grande valor', comparado ao que já foi produzido no passado, ler e escrever melhor só traz vantagens em geral, para os indivíduos e para a sociedade. 

Um comentário que me chocou quando da proposta de fazer um livro com textos escritos por crianças, ainda mais por ter vindo de uma pessoa que atua como editor no Brasil: "Eu não sou a favor de incutir na cabeça das crianças a idéia de que elas podem escrever"

Esta mentalidade pequena e mesquinha me deixa triste, mas ao mesmo tempo me empurra a seguir tentando fazer diferente.

Ah, só para citar um exemplo: a Socorro Acioli, autora do livro infantil que ganhou um Jabuti em 2013, segundo o que está em seu site: "Sua obra de estréia, O Pipoqueiro João, foi escrita quando a autora tinha ainda oito anos de idade. Publicado pela Nação Cariry Editora." Grifo nosso, para destacar a idade do feito aos que insistem em desvalorizar a capacidade infantil.

Creio sinceramente que toda vontade encontra uma maneira. Meu trabalho é de formiguinha, mas não penso em desistir não. Sei que uma andorinha só não faz verão, mas se mais pessoas fizerem o mesmo... quem sabe, não? ;-)


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 28 de junho de 2014

Descansa...



Por que se chora quando alguém parte?
A gente chora porque dói,
Porque dura,
Durou
E foi importante;
Porque valeu,
Porque foi bom;
Porque se ama
E se é humano,
Porque no choro somos todos iguais:
Líquidos,
Desde quando nascemos,
Do primeiro ao último sopro,
De quando os intestinos funcionaram pela primeira vez.
Primeiro o coração,
Depois o cérebro...
A vida se sabe, do princípio ao fim
E não termina,
Só faz uma pausa,
E tudo segue numa outra dimensão.
A vida está nos intestinos
E o relógio pára quando eles param.
O tempo é um elo entre um ciclo e outro
Novo ciclo num outro lado
E tudo é novo para quem fica
E para quem vai,
Resta aprender a viver sem
E a viver mais
A viver a dor
A aceitar a perda
Deixar o riacho das lágrimas
Correr nas lembranças,
Oceano, rio e mar.

Que tenhas um bom descanso,
Finalmente.
Tu, que nesta vida passaste
Por tantas tristes fases
E de todas as tormentas
Reforçaste o sorrir
O otimismo,
A fé.
Apesar do chicote dos feitores
E de quem se julgava ‘mais’.
E o que é mais valoroso:
Tu aprendeste a doar
Enquanto te tiravam tudo.
A lição tua maior que ficou e ficará:
Servir também é um dom.


Na tua falta de letras
Aprendi o mais importante:
Manter-me nos trilhos quando o peso dos
Títulos tentam fazer descarrilhar.
E seguindo firme
E com fé.
E esse teu sentimento e simplicidade
Passarei adiante
E espero siga cimento nas novas gerações,
Sendo.
Somos apenas seres humanos
Choramos quando estamos sendo
Choramos para nos tornar
Choramos quando nos tornamos,
Choramos quando já passou;
Choramos para lembrar
E sempre somos
Estamos sendo
E sempre seremos
Seguindo querendo ser.
Choramos por seres mortais,
Choramos por sermos mortais.

Recuso-me a pensar que não estejas
Agora num bom lugar.
Impossível!
Sei que encontraste com quem já te aguardava,
Aqui cumpriste a tua missão, cum Lauda.
Não se vive à espera de recompensas,
Mas pela tua fé sei que Deus se compadeceu de ti.
Estás agora ao lado daquela por quem um dia choramos juntas,
Por quem choramos uma outra vez.
Se choro sozinha agora
É porque não vejo os outros que choram
Mas o carinho em forma de lágrimas
Chega até aqui.
E me recuso a ficar triste:
Sei que estás bem,
Sei que estás em paz,
Portanto
Descansa.

Uma rosa em tuas mãos.



© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Não é conselho, é partilha!


Essa tela é minha também. Sem legenda.


Outro dia estava folheando uma revista cuja matéria de capa era Como Aprender a Lidar com o Excesso de Conexão na Era Digital. A matéria tratava da experiência de um rapaz de 29 anos que aos 25 já havia ganho muito dinheiro no modelo dessas empresas que se tornam milionárias da noite para o dia, mas por conta disso teve um ‘piripaque’, um burnout, e decidiu ‘dar um tempo’ nos negócios, diz que foi conhecer o mundo, aprender a dormir, comer e viver sem ‘estar plugado’ e quando voltou para o Vale do Silício abriu uma empresa para ensinar aos outros o caminho da desconexão (ironia do destino é que ele deve estar exponencialmente mais rico agora, pois o que tem de doido nesse meio, tô pra ver!). 

Há poucos eu andava aqui me queixando do meu vício de Face e tra-lá-lá, juntando as idéias e trocando tudo em miúdos: os conselhos que ele cobra uns Mil mil Putos para dar vou compartilhar aqui de graça porque é a mesma coisa que eu tenho feito desde que passei a policiar o tempo que eu gasto nas redes sociais. 

1) não entrar sem um objetivo pré-definido, se for para postar uma foto, entrou, postou, saiu, pronto; Se alguém aparecer me cobrando falta de curtidas eu mostro a lista de coisas que tenho pra fazer e fim de papo;

2) não ler emails ou mensagens como primeira e última atividades do dia. Se o mundo estiver acabando eu sinto informar mas a gente não vai poder fazer nada mesmo, a não ser perder uma boa noite de sono ou começar o dia num clima muito ruim (Caramba, o que é que eu vou fazer nessas 24 horas que me restam para viver? O quê?); 

3) enviar menos mensagens e emails (só em casos importantes, o que ajuda a diminuir também a praga do spam); 

4) tenha um critério de postagens, nem tudo eu compartilho, nem tudo eu informo - uma pesquisa dessas questionáveis (como toda pesquisa aliás) revelou que 40% das mensagens (só na Alemanha) são escritas no banheiro, e algumas pessoas não conseguem mais ir ao banheiro sem levar o celular (tá explicado!). 

Pelo menos um dia por semana eu tento não entrar na rede e tenho um livro sempre à mão, para ler nas pausas, bem como uma meta de leituras para este ano e tenho conseguido alcança-la justamente porque diminuí o tempo que antes era gasto na internet. 

E por último mas não menos importante: escrever as postagens off-line e só se conectar para postar, além de diminuir o risco de ser interrompido enquanto se escreve, diminuímos também o risco de termos a atenção desviada do objetivo principal. 

Para mim tem funcionado muito bem e é assim que eu tenho conseguido usar a rede e ao mesmo tempo manter os pés bem fincados na vida real. Se este post vier a ajudar alguém com as mesmas dificuldades, já valeu!




© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A estação e as flores



Passo por uma estação de trens e fico recordando, com um sorriso estampado no rosto, a felicidade encontrada há muitos anos, ao lá chegar e ver que alguém me esperava com flores frescas, colhidas das próprias mãos; um dos mais lindos presentes já ganhos da vida, um dos mais importantes e valiosos, quiça ‘os mais’ até. Era o EU ficando para trás e o futuro começando NÓS, que segue presente firme e guiado por Deus, em quem cremos, e quem nos escolheu um para o outro e determinou nosso encontro naquele dia, estação e fases de nossas vidas, reconhecendo-nos no instante primeiro do olhar. Não acreditávamos em amor à primeira vista, preferimos pensar que nos conheciámos de outras vidas, de outras dimensões (mais romântico, eu sei, mas não menos verdade... quem saberá?). Reconhecemo-nos sim, pelos olhares e pelas flores, majestosas em simplicidade: magníficos girassóis!


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.