… por alguém um texto lido.
Sim, e isto ninguém pode mudar. E se apreciado, tanto melhor!
Não me julgo saber escrever, muito menos resenhar, mas por ter visto idéias interessantes neste texto, permito-me comentar:
O que me levou a conhecer este
título foi uma resenha de Juliana Gervason, do blog O batom de Clarice, seguida de uma entrevista com a autora, Helena Terra, no
mesmo blog aliás; muito bem feita por sinal (a entrevista).
Fiquei com vontade, mas não pude
comprar logo o livro. É que comprar livros brasileiros no formato convencional
ainda é muito complicado para quem não vive no Brasil, que é o meu caso.
Bom, há poucos dias descobri uma versão em ebook, bem em conta aliás, e depois
de ter lido a amostra, e com base na dica da Ju, comprei-o-ho-ho-ho! Meu
presente de Natal – ô coitada!
O ebook tem 79 páginas e li em
poucas horas, até mesmo porque a leitura cresce numa linguagem muito bem
trabalhada, que dá a impressão de fluxo até desaguar, calmamente, num final
inusitado. Sim, gostei, da linguagem sobretudo, e quem gosta de brincar com
palavras poderá também gostar, mas não sei se a história agradará a leitores
que andam um tanto saturados de auto-ficção. Porém, dependendo da cultura em
que o leitor (mais provavelmente a leitora) esteja inserido(a), mais diversa
poderá ser a recepção da narrativa, principalmente no que tange ao
comportamento feminino e todos os tabus ligados a ele, bem como à questão de
ser ou não auto-ficção.
Trata-se do livro de estréia da
autora - exatamente por isto despertou-me a atenção - e conta a história de
uma protagonista sem nome, blogueira e dona de um perfil psicológico no mínimo
interessante, gerador de muitas questões, sem falar no papel de representante
genuíno de comportamentos nesta era de relacionamentos virtuais. O
texto é narrado em primeira pessoa e traz somente a perspectiva da
protagonista, suas ‘impressões’.
Um livro que proporciona uma leitura
no mínimo prazerosa e que só por isso já
vale recomendar.
Havendo discordâncias, o que é bem
desejado em litera-leituras aliás, deixo aqui outras partes, das várias que achei
bom marcar:
“O vocabulário (...) era claro. Sua sintaxe, perfeita. Imperfeita era a
minha leitura.” (pg. 68)
“O amor é uma invenção. E invenção não é o mesmo que fantasia, é
criatividade e inteligência transformada em realidade.” (pg. 31)
Teria sido mesmo o caso de
auto-ficção? Literatura também é isso: dúvida da invenção. Ou talvez “a falta rude de poesia no cérebro e na
linguagem” do mundo nos faça, às vezes, acabar “concordando com monossílabos.” (pg.34)
Hã?!
Fica então o convite: ler e
pensar.
A
condição indestrutível de ter sido, Helena Terra, Editora Dublinense.
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