quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A condição indestrutível de ter sido

… por alguém um texto lido.


Sim, e isto ninguém pode mudar. E se apreciado, tanto melhor!

Não me julgo saber escrever, muito menos resenhar, mas por ter visto idéias interessantes neste texto, permito-me comentar:

O que me levou a conhecer este título foi uma resenha de Juliana Gervason, do blog O batom de Clarice, seguida de uma entrevista com a autora, Helena Terra, no mesmo blog aliás; muito bem feita por sinal (a entrevista).

Fiquei com vontade, mas não pude comprar logo o livro. É que comprar livros brasileiros no formato convencional ainda é muito complicado para quem não vive no Brasil, que é o meu caso.

Bom, há poucos dias descobri uma versão em ebook, bem em conta aliás, e depois de ter lido a amostra, e com base na dica da Ju, comprei-o-ho-ho-ho! Meu presente de Natal – ô coitada!

O ebook tem 79 páginas e li em poucas horas, até mesmo porque a leitura cresce numa linguagem muito bem trabalhada, que dá a impressão de fluxo até desaguar, calmamente, num final inusitado. Sim, gostei, da linguagem sobretudo, e quem gosta de brincar com palavras poderá também gostar, mas não sei se a história agradará a leitores que andam um tanto saturados de auto-ficção. Porém, dependendo da cultura em que o leitor (mais provavelmente a leitora) esteja inserido(a), mais diversa poderá ser a recepção da narrativa, principalmente no que tange ao comportamento feminino e todos os tabus ligados a ele, bem como à questão de ser ou não auto-ficção.

Trata-se do livro de estréia da autora - exatamente por isto despertou-me a atenção - e conta a história de uma protagonista sem nome, blogueira e dona de um perfil psicológico no mínimo interessante, gerador de muitas questões, sem falar no papel de representante genuíno de comportamentos nesta era de relacionamentos virtuais. O texto é narrado em primeira pessoa e traz somente a perspectiva da protagonista, suas ‘impressões’.

Um livro que proporciona uma leitura no mínimo prazerosa e que só por isso já vale recomendar.

Havendo discordâncias, o que é bem desejado em litera-leituras aliás, deixo aqui outras partes, das várias que achei bom marcar:

O vocabulário (...) era claro. Sua sintaxe, perfeita. Imperfeita era a minha leitura.” (pg. 68)

“O amor é uma invenção. E invenção não é o mesmo que fantasia, é criatividade e inteligência transformada em realidade.” (pg. 31)

Teria sido mesmo o caso de auto-ficção? Literatura também é isso: dúvida da invenção. Ou talvez “a falta rude de poesia no cérebro e na linguagem” do mundo nos faça, às vezes, acabar “concordando com monossílabos.” (pg.34) 

Hã?!

Fica então o convite: ler e pensar.



A condição indestrutível de ter sido,  Helena Terra,  Editora Dublinense.




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