terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sobre escrever ‘bem’




Escrever ‘bem’ não é SÓ uma questão de dominar a língua, não SÓ uma questão de adequação a um padrão gramatical. Não, claro que não. Escrever ‘bem’ tem muito mais a ver com transmitir idéias, propósitos, experiências, extravasar sentimentos, ter algo a dizer ou histórias para contar. E se a pessoa maneja a palavra de modo a fazer tudo isto de um jeito próprio e artístico, muito melhor, não? Que me desculpe quem discorda, mas mesmo tendo-a como secundária, não gosto de descuidar da forma, não me sinto bem ao fazê-lo, esforço-me para produzir algo que me seja ao menos agradável aos olhos e, conseqüentemente, aos olhos de quem vier a lê-lo. Outro ponto: quando se gosta de uma coisa, é natural que cuidemos dela, que promovamos o zelo. E essa é a minha relação com a língua portuguesa do Brasil, minha língua materna. Se eu não gosto de ver pessoas maltratando quem eu amo, também não me sinto confortável ao ver minha língua-mãe sendo maltratada a torto e a direito por aí. Por isso escrevo de vez em quando a respeito, pelo desleixo com a própria língua, pior ainda da parte de pessoas que, queiram ou não, servem de modelo para quem ainda está ‘aprendendo’ a escrever. Erros que há muito extrapolam os pequenos deslizes para cair na categoria de uma linguagem que ofende o leitor de tão crassa que é. Por isso, quando tenho de falar sobre um texto, geralmente porque pediram a minha opinião, já que não saio mais por aí dando pitaco a esmo, não posso fugir de cair numa das quatro categorias: fulano escreve bem e tem muito a dizer; fulano escreve bem, mas não tem muito a dizer; fulano escreve mal, mas tem muito a dizer; fulano escreve mal e não tem nada a dizer. E desta última categoria, se eu tiver mesmo de dizer algo, digo só para o fulano e se ele achar que serve, bem; senão... sigamos. Assim espero que as pessoas ajam comigo também. Nunca devemos nos esquecer de que ‘bom’ ou ‘ruim’ são avaliações subjetivas, o que não é 'bom' para mim, pode ser 'ótimo' para outras pessoas, e isso é perfeitamente normal. Considerando que fulano havia pedido uma opinião sincera sobre seus escritos, será que estaria lhe fazendo mal apontando o que poderia estar melhor? Será que cuidar um pouquinho mais da forma ou da linguagem é mesmo algo tão prejudicial? Não entendo certos melindres.





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