De tanto ler textos com má colocação
de crase, estou começando à usar onde não há. Cruzes!
Pelo que entendi, que bem pode estar
errado, crase geralmente ocorre quando há o encontro de dois ‘as’: ‘a’
artigo com um ‘a’ preposição. Por isso a ‘decoreba’ de não ser usada diante de
palavra masculina, que exige o artigo ‘o’; nem digo ‘exige’, digo pede por favor,
que é mais educado. Ou em certas expressões tais como ‘ter uma gramática sempre
ao alcance das mãos ou da vista, sempre à vista, sempre à mão’ ou ter assistido
atentatmente às aulas de Português, não a todas, só às mais essenciais, aquelas chatas às quais você faltou. Estou errada, professores? Confesso que não sei,
escrevo quando sento para treinar o acento e refletir o verbo. Assim sendo, não se costuma
dizer (ainda!): começar a-a usar algo, até mesmo porque ‘usar’ é verbo e aqui
não pode, aqui não há. Sim, havendo exceção para tudo nesta vida não se usa
crase quando o ‘a’ de alcoólicos se encontra com o ‘a’ de anônimos da sigla AA, mas se digo que preciso ir à reunião do AA, que preciso ir ao AA, aí vem a
crase para complicar tudo, antes da reunião, à qual acabo por não ir. Ferreira Gullar já disse: "A
crase não foi feita para humilhar ninguém". Verdade, a crase existe para
marcar encontros. E por falar em encontros, encontrei um texto confirmando que
esta frase é do Gullar. Quanto a mim, sigo craseando quando penso que deu encontro e vou errando, como neste texto errei. E o meu erro, já
encontrou? Me avise. Eis o texto:
Uns craseaiam, outros ganham fama,
Ferreira Gullar.