quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dos sorteios e dos ‘curtidos’



Foto: HF - Quanto vale mesmo uma curtida?


Acabaram de tirar do forno no Brasil uma forma de regular a prática de sorteios em redes sociais (1). Soube disto através das preocupações de uma blogueira que, por ser adepta dos sorteios para promover seu site, buscou informações a respeito e sentiu-se aliviada ao descobrir que tal regra e tais concursos culturais aplicam-se só a empresas e não a blogs, a príncipio. Já eu, por princípio, sempre achei que usar sorteios para obter ‘curtidas’, independente da intencão, é uma prática anti-ética e também um mecanismo que pode ser e é muito usado para fornecer falsas avaliações.

Já fiz essa pergunta uma vez e repito: qual a diferença entre um site ou empresa que faz sorteios em troca de ‘curtidas’ e um político em campanha que troca votos por bens ou serviços? Qual? Pessoas que praticam ou são coniventes com essa besteirinha de prática será que têm moral para exigir o fim da corrupção no Brasil ou em qualquer outro lugar? O sistema contribui para esse comportamento ‘esperto’, mas não é desculpa para que ninguém continue agindo assim. Sabia que uma das práticas mais comuns na Internet é empresas contratarem pessoas para ficarem distribuindo bons comentários ou excelentes avaliações de seus produtos? Você acredita na veracidade de tais comentários e avaliações?

Outro dia uma blogueira comemorava a quantidade de acessos, num só dia, ao seu blog defendendo as vantagens da tecnologia SEO ( não morde!). Eu comentei alguma coisa sobre o uso de 'gambiarras' que muitos fazem para manipular estatísticas (em nenhum momento disse ou insinuei que ela fazia) e logicamente não agradei, também pouco me importa, como fingir que desconheço o funcionamento de certos algoritmos ou práticas que a cultura consumista vende como inofensiva, coisa legítima que 'todo mundo' faz sem questionar.

Nem todo mundo é bandido e mau-caráter, é verdade, há sites e empresas que realmente conquistaram e merecem as boas avaliações que têm, mas no meio de tanto joio... como separar? Há de ser um leitor ou consumidor ‘curtido’ para não cair em armadilhas e saber reconhecer falsas avaliações. Se houvesse o ‘não gostei’ em certos sites, até poderia ser mais democrático, mas como fiz a besteira de dedicar alguns anos da minha vida estudando Informática, digo que dos mecanismos de avaliação atuais, não há um, umzinho só no qual eu confie. Por isso é que sorteio em troca de ‘curtidas’ é coisa que eu não curto mesmo, já deixei de ‘curtir’ sites com conteúdo excelente só por causa desse 'defeito', mas se você usa essa estratégia não se preocupe comigo, eu sei que sou exceção mas como escritora (Mist!) não pude calar, vai que alguém 'escuta' e me ajuda a entender pra quê tanta 'curtição'.



(1) Informação obtida em: 


sábado, 20 de julho de 2013

Constatações

Do mesmo pó...


"Pegar carona nessa cauda de cometa
Ver a Via-Láctea,
Estrada tão bonita,
Brincar de esconde-esconde
Numa nebulosa
Voltar pra casa:
Nosso lindo balão azul."

Trecho de Lindo Balão Azul, Guilherme Arantes.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

domingo, 14 de julho de 2013

Sobre EBooks


Foto: (c) 2013 HF - Acervo pessoal


Interessante notar que muita gente parece ver no EBook uma forma de ganhar muuuuito dinheiro, as cifras até brilham nas entrelinhas de comentários que tenho lido por aí, mesmo que combatendo o menosprezo declarado a tal formato por parte de muitos alguns. Ainda que tantos desdenhem do EBook e de suas possibilidades, a oferta tem sido cada vez maior e, estranhamente, algumas editoras alegam ser mais caro produzir EBooks do que livros em papel. Será mesmo? Ou simplesmente formas de boicote e exploração?

Eu sempre vi o EBook como um meio de fazer o texto chegar mais rápido e (por que não?) de forma gratuita ao leitor, principalmente àquele que está interessado muito mais no texto do que numa luxuosa edição, e aqui sei que estou falando não do leitor que se arroga nível avançado versão be(s)ta três ++, mas daquele leitor simples, ainda em formação, que muitos desejam atingir.

Se o autor ou a autora assim autoriza, um EBook pode ser legalmente compartilhado, impresso, fotocopiado e distribuído livremente. Essa opção satisfaz a quem deseja tão somente ser lido e disponibilizar o texto. Já para os que vivem da venda de livros e buscam qualidade de edição em papel há muitas estradas largas que levam ao mercado tradicional, porém calçadas com as enormes pedras da distribuição e das regras impostas pelos mercados editoriais. Livros não são escritos para ficarem em depósitos ou encalhados em prateleiras e ainda que o autor o tenha escrito só por escrever, é triste tirar do leitor a chance de poder deitar os olhos sobre o texto que ali jaz.

Por essas e por outras razões a base das minhas publicações é e continuará sendo o formato eletrônico gratuito e de livre distribuição. Se meus textos não agradarem, já que não escrevo com esse motivo, pelo menos liberto o leitor da condição de ter pago pelo livro. Estou apenas compartilhando minha biblioteca virtual.

A meu ver, o formato impresso continuará existindo por vários motivos, sobretudo porque folhear um livro é um prazer de difícil substituição. Também porque o formato impresso é mais adequado para livros infantis e cheios de ilustrações. Porém nada impede oferecer um mesmo titulo em diferentes formatos, desde que seja cobrado um valor adequado para cada tipo, dando mais liberdade de escolha ao leitor. Uma pacífica convivência entre todos os formatos é possível, não? E você, o que pensa sobre essa questão?



sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mas a leitura, Chê, para quê que serve?


Foto: (c) 2013 HF - Acervo pessoal.


Para  Maurem Kayna

Da leitura me sirvo até saciar. Tenho sêde de ler. A leitura envolve, seduz, é prazerosa ocupação. Distraída, sigo lendo o que me passa diante dos olhos: jornais, revistas, placas, livros, blogs... Porém leio devagar, usando o talher da escrita para separar as espinhas. Leio para aprender da vida, leio para me informar, leio porque há textos disponíveis e leio porque aprendi a decifrar: códigos muitos. Ler é conversar em silêncio, é dialogar com os outros sem precisar mover os lábios sequer. Gosto de idéias mas não suporto o ruído dos que as expressam em bocas sem rédeas, ignorando o interlocutor. Ler nos leva a uma conversa centrada, onde cada palavra tem função, onde pausas têm significado e a regência é do leitor. Ler permite distrair do mundo, da vidinha que afoga a todos. Ler permite abstrair do mundo, considerar uma parte só, isolada do todo; permite ver as coisas através de olhares outros. Cada ser é único. Ler é uma forma de espiar cada um desses mundos num silêncio de deuses, com poder de decisão. Ler pode nos acordar para certas coisas, mas também alienar, pode iludir ou incomodar, nos leva a refletir ou a revolucionar. Ler pode nos distrair, ou nos fazer concentrar, ler pode abrir passagens, e também: fechar. Ler não pede muito, basta focar, olhar para o lado e juntar palavras escritas soltas pelo ar. Ler é automático, não custa caro, ler não causa LER(1) mas, o mais claro: na leitura não servimos, somos servidos, somos livres, talvez única dimensão em que ‘liberdade’ realmente há. Não?

(1) Referência a um a série de crônicas "Ler não causa LER" publicadas no blog do escritor José Cláudio Adão.


sábado, 6 de julho de 2013

Sombras na Escuridão, de José Neres – um claro achado






Vinha mesmo pensando na palavra ‘encontrar’, que além de ‘achar’ quer dizer ‘descobrir’, quando concluí a leitura deste ELivro: sombras na escuridão, uma coletânea com 13 — número sombrio — contos mais longos e 46 micro-contos, todos da autoria do colega José Neres. E foi buscando referencia para Negra Rosa e Outros Poemas, livro dele que eu já havia lido e comentado muito antes e agora linkei lá no Quintextos, que acabei topando com este 'sombras', que por ser um livro de contos logo me chamou a atenção, baixei e li.

O primeiro conto, embora interessante, confesso que não me ‘pegou-pegando’, mas do segundo em diante, aí não quis mais parar, as histórias me envolveram tanto e de um tal jeito que nem as raras falhas de digitação aqui e acolá, principalmente nos primeiros textos, me fizeram perder o interesse de chegar ao final, e olhe que eu sou chata com isso, certos detalhes me incomodam mesmo, pois me desconcentram e nesse ponto não me envergonho em admitir meu perfeccionismo. E neste item — revisão — ponto para os ELivros, onde é mais fácil a correção, não?

Dentre os que mais me marcaram destaco: Poesia, Libertas Quae Sera Tamen, Feliz Aniversário, A Voz do Brasil, Limites, Reflexão, Reflexo no Espelho e História de um Livro. Os demais são igualmente muito bons e todos devem ser lidos. Dos micro-contos então, gostei de todos, e serviram para me revelar uma nova faceta do autor, a habilidade com textos deste tipo. Parabéns, Neres, foi uma leitura muito agradável e fluída.

Os contos exploram vários temas e alguns são classificados pelo próprio autor como ‘carregados de violência e ironia’. Isso depende de cada um. De ironia sim, o que valoriza qualquer texto, penso, já quanto à violência... Estou tão ‘curtida’ pela crueldade no mundo que não achei os contos tão violentos assim — um deles me chocou, verdade — mas esse aspecto é muito subjetivo. Leia e tire suas próprias conclusões. Esse livro foi para mim um achado dos últimos dias, pois pouca coisa me alegra mais do que topar com algo que não estava procurando e que, espontaneamente, me chama a atenção e eu gosto. Para que não pensem que esta é uma ‘resenha de amigos’, coisa que não costumo fazer ou apoiar, saibam que José Neres participou dos volumes I e II do 15 Contos, mas nem por isso me avisou de que este livro estava disponível em sua escrivaninha no Recanto, desde maio de 2013. Ainda bem, pois se tivesse me avisado teria diminuído (quem sabe) o efeito surpresa do acaso de ‘achar’, eu acho.


Ficha técnica:
Titulo: sombras na escuridão
Gênero: contos
Autor: José Neres
ISBN: 978-85-904976-8-4
Formato: EBook gratuito (PDF) 



Caligrafia



Caligrafia: estilo ou maneira própria de escrever à mão (Houaiss).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Be yourself, no matter what they say*



Uma de minhas 'telas'


Dentro de mim mora uma escritora ‘brilhante’, toda vez que eu começo a escrever ela sai; sem pena vai embora e me deixa com a pena na mão, entre os dedos, com a alma perdida no horizonte do papel. Aí tenho que me ver só, comigo mesma e com meu jeito pobre e coloquial de escrever. E há tempos eu queria deixar uma nota sobre isso: a inutilidade das comparações. Luta diária é fugir delas, ainda mais num mundo em que o ‘ser’ é nada diante de tanta ‘exibição’. Ao invés de ficar me comparando a uns e outros, aprendi desde cedo que ganhava muito mais ao trilhar meus próprios caminhos, tentando descobrir quem sou e desenvolvendo o que tenho de bom, o que tem todo mundo, aliás: algo ‘único’ dentro de si pois todos somos distintos. Esse foco nas próprias idéias pode até ser mal-interpretado como egoísmo, mas não vejo as coisas assim. Independente dos efeitos dos feitos de Colombo para o mundo, admiro-o por ter nadado contra fortes ‘correntes’ de seu tempo e ter fincado pé no que acreditava existir ‘do lado de lá’, onde as correntes marítimas de bom grado o levaram. Por isso é que quando vejo a minha filha brigando comigo para defender o seu ‘ponto de vista’, só peço a Deus que a conserve assim. E vejo, onde vivo, que várias pessoas evitam comparações entre crianças e saem de mansinho com a frase: “É, cada de um de jeito, ninguém é igual” e eu acho isso lindo! Por essas e por outras é que tento (ten-to!) ignorar certas coisas e vou seguindo, do meu jeito, o meu caminho ‘no rumo da venta’, como se diz no Maranhão.


*"Be yourself, no matter what they say"
(Seja você mesmo, não importa o que digam)
Trecho extraído da canção Englishman in New York, Sting, 1987
Álbum: ...Nothing Like the Sun