terça-feira, 9 de abril de 2013

Sobre cooperar


Tela minha.

“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. (...) Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” (Eclesiastes 4.9-12).

Cooperação é algo em que acredito deveras. Antes de começar um projeto solo, sempre dou uma olhadinha nos vizinhos para ver se alguém está indo na mesma direção e verifico as possibilidades de cooperar. Porta na cara foi o que levei várias vezes no Brasil, porque as pessoas, ao que parece, desconfiam de quem busca cooperação. Essa mentalidade mesquinha de querer levar vantagem em tudo está mais arraigada em certas sociedades do que seus membros queiram admitir ou possam imaginar. E por estarem centradas na competição, no lucro, em serem os melhores ou primeiros, boas oportunidades acabam se perdendo e o que é pior: muitos deixam de ser beneficiados pelos frutos da cooperação. Quando idealizei o Quinze Contos, fui motivada pela riqueza dos frutos que nascem do cooperar. Diversidade é a palavra, cooperação é o caminho, e acesso sem restrições, livre e gratuito, a livros para quem desejar é um sonho meu. Certa vez ouvi de uma pessoa que poucos valorizam o que se oferece de graça no Brasil. É questão de mentalidade e eu sei que essa pessoa não deixa de ter razão. Onde vivo, por exemplo, as pessoas estão tão acostumadas a doar um pouco do seu conhecimento que muitos buscam meios de oferecer serviços gratuitamente ou a preço simbólico, principalmente se há um objetivo cultural ou educativo por trás. Por exemplo: concertos, leituras, palestras, oficinas e cursos para adultos e crianças. Quem tem algum conhecimento ou experiência e quer compartilhar, logo busca juntar esforços. Tudo bem que a Alemanha é um país rico, mas a sua riqueza não penso que esteja só nas exportações, e sim no grande investimento que é feito (ou que foi feito no passado) para a formação e instrução dos cidadãos. Aqui, só não estuda quem não quer, pois oportunidade eu vejo para todos que se esforçam para tal. Por conta disso, há muitos profissionais que, nas horas vagas, por puro idealismo, estão muito dispostos a cooperar -- eu, por exemplo. Sinto que há outros mundos possíveis fora desses modelos de pseudo-socialismo ou capitalismo que transformam muitos em canibais, principalmente os riquíssimos sonegadores de impostos do mundo inteiro que muito ganham com ‘crises’ e guerras, sem a mínima culpa por destruírem o planeta e as vidas das pessoas. Esses ‘ricos’ são relativamente poucos mas concentram a maior parte do dinheiro que dita as regras do mundo e em todos os continentes se pode encontrar. A desgraça dos pobres são as elites estúpidas locais. Infelizmente não conheço essa alternativa ao egoísmo capitalista ou ao pseudo-socialismo; se eu conhecesse, teria o Nobel. Sou apenas uma formiga mediana que paga impostos, observa a vida e já aprendeu que as coisas não são fáceis, cujas antenas sinalizam: a via é cooperar.