Tela minha.
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga
do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém do que estiver só; pois, caindo, não
haverá quem o levante. (...) Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe
resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” (Eclesiastes
4.9-12).
Cooperação
é algo em que acredito deveras. Antes de começar um projeto solo, sempre dou
uma olhadinha nos vizinhos para ver se alguém está indo na mesma direção e
verifico as possibilidades de cooperar. Porta na cara foi o que levei várias
vezes no Brasil, porque as pessoas, ao que parece, desconfiam de quem busca
cooperação. Essa mentalidade mesquinha de querer levar vantagem em tudo está
mais arraigada em certas sociedades do que seus membros queiram admitir ou
possam imaginar. E por estarem centradas na competição, no lucro, em serem os
melhores ou primeiros, boas oportunidades acabam se perdendo e o que é pior:
muitos deixam de ser beneficiados pelos frutos da cooperação. Quando idealizei
o Quinze Contos, fui motivada pela riqueza dos frutos que nascem do cooperar.
Diversidade é a palavra, cooperação é o caminho, e acesso sem restrições, livre
e gratuito, a livros para quem desejar é um sonho meu. Certa vez ouvi de uma
pessoa que poucos valorizam o que se oferece de graça no Brasil. É questão de
mentalidade e eu sei que essa pessoa não deixa de ter razão. Onde vivo, por
exemplo, as pessoas estão tão acostumadas a doar um pouco do seu conhecimento
que muitos buscam meios de oferecer serviços gratuitamente ou a preço
simbólico, principalmente se há um objetivo cultural ou educativo por trás. Por
exemplo: concertos, leituras, palestras, oficinas e cursos para adultos e
crianças. Quem tem algum conhecimento ou experiência e quer compartilhar, logo busca juntar esforços. Tudo bem que a Alemanha é
um país rico, mas a sua riqueza não penso que esteja só nas exportações, e sim
no grande investimento que é feito (ou que foi feito no passado) para a
formação e instrução dos cidadãos. Aqui, só não estuda quem não quer, pois
oportunidade eu vejo para todos que se esforçam para tal. Por conta disso, há
muitos profissionais que, nas horas vagas, por puro idealismo, estão muito
dispostos a cooperar -- eu, por exemplo. Sinto que há outros mundos possíveis
fora desses modelos de pseudo-socialismo ou capitalismo que transformam muitos
em canibais, principalmente os riquíssimos sonegadores de impostos do mundo
inteiro que muito ganham com ‘crises’ e guerras, sem a mínima culpa por
destruírem o planeta e as vidas das pessoas. Esses ‘ricos’ são relativamente
poucos mas concentram a maior parte do dinheiro que dita as regras do mundo e em todos os
continentes se pode encontrar. A desgraça dos pobres são as elites estúpidas
locais. Infelizmente não conheço essa alternativa ao egoísmo capitalista ou ao
pseudo-socialismo; se eu conhecesse, teria o Nobel. Sou apenas uma formiga
mediana que paga impostos, observa a vida e já aprendeu que as coisas não são fáceis, cujas antenas sinalizam: a
via é cooperar.