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Acredito
que todo autor ou autora, se não gosta, pelo menos tem a curiosidade de saber o
que sente o leitor ao ler qualquer de seus escritos, e eu, sempre que posso, dou
esse ‘feedback’. Por isso não digo que meus comentários sejam resenhas, prefiro
chamá-los de registro de sensações. Sensação de uma gostosa conversa,
inteligente, foi a que eu tive ao ler Abelhas sem Teto, livro da colega Vany
Grizante que, muito gentilmente, presenteou-me com um exemplar. Em minha
biblioteca, poucos ainda são os livros com dedicatória do autor ou autora e por
isso considero-os tão especiais. Sim, mas vamos às minhas impressões: Vany
Grizante é arquiteta, escritora e mãe. Neste pequeno livro de crônicas ela nos
deixa conhecer aspectos do seu trabalho, história, dia-a-dia, do seu pensar e,
o mais importante: sua observação peculiar. Sem cair no artificialismo ou no
banal, este livro foi escrito de maneira simples mas aborda questões que ficam
e germinam frutos na cabeça de quem gosta de pensar. A leitura das noventa e
uma páginas flui como uma boa conversa e não deixa passar em branco a
intimidade da autora com a arte de escrever. Numa época em que livros são
tratados meramente como produtos, quando muito autores só pensam em vender, é
um prazer imenso encontrar pessoas talentosas cujo objetivo claro da escrita é
comunicar e escrever por puro prazer. Faço anotações enquanto leio e dentre as
crônicas que mais me marcaram, destaco: Cachorros modernos, Deus protege os
irresponsáveis, Judas crucificado e Urbanidades, todas ótimas, por sinal. A
história das abelhas jataí, que dá título ao livro, é bem interessante, e não
deixa de nos dar amostras do material sólido de que é feito um admirável ser
humano e um dedicado profissional. Como bem observou a colega Maria Iaci, no
prefácio, este livro é “um feliz
casamento da arquitetura com a literatura”. Do teto do livro, uma telha aqui vai: “Ter amigos inteligentes é uma bênção com a qual fui regiamente
agraciada. É com eles que se pode discutir assuntos inusitados e é dessas
discussões que muitas vezes surgem idéias interessantes, boas risadas e
inspiração para o exercício da escrita”. Verdadeira é a recíproca, Vany e
Maria. Assim sendo, esta é uma leitura que só posso recomendar:
Abelhas
sem Teto e Outras Crônicas, de Vany Grizante, Editora All Print (2010).