Quatro anos publicando.
Comemoro também o Quinze Contos Mais, o Sem Vergonha de Contar, trocas
produtivas com vários escritores, além de muito crescimento pessoal.
Sinto uma satisfação enorme em ter arriscado certas coisas e apostado em meu nariz porque fronteiras não existem, tudo invenção. Ainda que marcados por algum elemento físico, como um rio ou um oceano, limites não podem impedir quem deseja ultrapassá-los de seguir o seu caminho, nem a montanha mais alta ou o vale mais profundo, como o salmista escreveu. Falo da publicação independente e celebro a liberdade que isto dá.
Porém, hoje não discorro sobre como comecei na escrita ou se nela pretendo ficar, e sim sobre como comecei a ler: o começo de tudo, o mais importante. Quero celebrar o privilégio de ter aprendido a ler ainda cedo, embora já tarde considerando o que hoje se sabe sobre processos cognitivos: aos sete anos.
Sinto uma satisfação enorme em ter arriscado certas coisas e apostado em meu nariz porque fronteiras não existem, tudo invenção. Ainda que marcados por algum elemento físico, como um rio ou um oceano, limites não podem impedir quem deseja ultrapassá-los de seguir o seu caminho, nem a montanha mais alta ou o vale mais profundo, como o salmista escreveu. Falo da publicação independente e celebro a liberdade que isto dá.
Porém, hoje não discorro sobre como comecei na escrita ou se nela pretendo ficar, e sim sobre como comecei a ler: o começo de tudo, o mais importante. Quero celebrar o privilégio de ter aprendido a ler ainda cedo, embora já tarde considerando o que hoje se sabe sobre processos cognitivos: aos sete anos.
Eu tive muita sorte por ter
sido criada em uma casa em que havia muitos livros. Nem digo que as pessoas
gostavam de ler, pois disso já não me recordo, mas a imagem das estantes
apertadas e da minha petulância em querer tornar-me íntima de vários volumes,
ainda criança, começa o filme em minha cabeça que conta como fui caindo nas garras das
letrinhas e de todo o prazer que elas me dão.
Um dos primeiros livros que
eu me lembro de ter lido (e amado) quando criança (e ainda amo) foi uma
coletânea de fábulas organizada por Monteiro Lobato, autor cujo mundo encantado
eu já teria aberto à minha filha não houvesse barreiras de acesso a livros, o
mundo maravilhoso de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, Emília e companhia, da Cuca e do Saci.
Naquela época não havia
tantos livros para crianças pequenas como hoje vejo, livros que oferecem as mais
diversas experiências tácteis-visuais: livros de tecido, para sentir, livros
impermeáveis, para ler na banheira, livros para montar como se fosse um
brinquedo, livros, livros, livros e tudo isso é muito importante desde cedo
para formar um leitor. Mais importante ainda é ler para as crianças, principalmente os clássicos, ou ter sempre uma história para contar. Esse meu gosto pelos contos devo à minha tia-avó, autêntica contadora de causos e lendas.
Do livro de fábulas de Lobato
lembro-me das gravuras, dos animais na capa e das histórias com moral que eu sabia de cor.
Lembro-me também de um livro
em Francês que eu ‘lia’ e era capaz de jurar entender. Aquelas palavras
pareciam-me tão similares ao Português que só fui descobrir que eram de
outra língua (a francesa) quando um adulto me contou. Continuei lendo as letrinhas
francesas do mesmo jeito, havia figuras no livro e sabe-se lá que tipo de
histórias eu conseguia tirar dali.
Depois veio O Pequeno
Príncipe de Exupéry e o desejo de querer olhar o mundo de forma distinta, como
o elefante na jibóia, de não querer ser 'derretida' como a Rosa e como a Raposa permanecer fiel; um livro
maravilhoso. Acho que foi lendo este livro que pela primeira vez quis ser cientista, talvez para poder falar a públicos que prestassem mais atenção às minhas
palavras do que à forma de vestir-me. Ledo engano.
Lembro-me de que eu gostava
muito de brincar com um Aurélio de páginas em tom marrom, bastante antigo.
Fascinava-me o cheiro e o tamanho. Este último me fez usá-lo muitas vezes como
peso ou tamborete e até como degrau, com todo o respeito, claro, e escada para outros mundos ele se tornou. Minha vida
mudou quando me disseram que naquele livro eu encontraria o significado de
todas as palavras e muitas vezes eu achava a palavra e não entendia a
explicação, mas o mais importante me ensinaram: como usar um dicionário e isto
fez-me senhora de minhas leituras e interpretações. Foi a glória!
Eu passava muito tempo com os
livros e frequentemente nem sentia o dia passar. Acho que não se deve
interromper uma criança que está lendo para fazer algo que nem é tão importante
assim: como varrer uma casa várias vezes ao dia em pleno Verão, por exemplo,
quando é inútil a guerra contra o pó. Eu odiava quando me tiravam do que eu
estava lendo ou estudando e muitas vezes quase acreditei que fosse mesmo
preguiçosa como me acusavam alguns. Porém, se me tornei quem sou, devo a
algumas pessoas e às muitas horas de estudo e leitura,
principalmente à leitura de livros de literatura, contos, romances, ficção. Por
isso, no aniversário destes quatro anos que levo publicando, é a leitura que eu celebro, o começo de
tudo, quando topei com os textos que me permitiram, como leitora, nascer e me criar.
E você, como começou com os
livros? Não seja egoísta, deixe-nos saber. Eu, leitora, lhe agradeço. A leitura e os leitores: vamos
celebrar!
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