domingo, 24 de junho de 2012

Será que compreendemos?

Não sei se outros também sofrem disso, mas eu ando ouvindo um zumbido chato na internet, o que tem me tirado o prazer de navegar. Já mandei checar os ouvidos e o médico garantiu-me que com a função básica está tudo okay: sigo ouvindo o que quero e o que não, sem reclamar. A síndrome chama-se febre de compartilhamento e constante atualização. E ainda que eu não sofra desse mal, fui afetada pela radiação, daí o ruído me incomodar tanto. É que hoje em dia todo mundo ‘partilha’, todo mundo tem algo a dizer ou mostrar, e tudo ao mesmo tempo, sem pensar nem parar pra ouvir o que o outro quis dizer. Quem aprecia canto coral sabe que cantar sem ouvir o outro acaba com a peça e que pausas na música existem para se fazer, ou seja: o silêncio tem função. E é impossível ouvir tudo ao mesmo tempo, é preciso concentração. Em dias de tanto compartilhamento, pouquíssimos são, nesse meio, os que ainda têm algo para dar. Explico: no complexo de coisas que chamam ‘alma’ humana, domina a idéia de essência, o que cada um tem escondido dentro de si e por vezes até de si mesmo; mas se compartilhamos tudo a todo tempo nada resta pra esconder ou deixar o outro descobrir; banalização do que temos de mais caro, nosso EU e o tempo necessário para que ele surja. Compreender algo não é puro acúmulo de conhecimentos, é um estado interior; uma nova ligação, um clique que se fez. Imagine all the people sharing all the world, cantou John Lennon. Por um tempo, uma desconexão? Imagine!!! (Clique aqui para ler comentários para esta postagem no BVIW).