sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Neura ou neuro-programação?


Minha filhinha está crescendo num ambiente bilíngüe – com trema mesmo, assim, pela ‘treimosia’ minha, que é enorme grande demais (também o pleonasmo). Quem sabe um dia, quem sabe... Pois bem, entre meu ‘alemão capenga’ e  meu ‘português ruim’, optei pelo segundo, que ouvia já na barriga da mamãe, e é o idioma em que me solto mais.

Procurando músicas infantis em português brasileiro, deparei-me com certos problemas e algumas questões. As mais modernas: muito barulhentas; as mais antigas: belas e simples melodias; as letras, em ambas, hummm... (fazendo bico e torcendo o nariz). Para quem já tem um pensamento formado,  ‘no problem’, mas para quem ainda está para formá-lo... sei não!
Sei que, em questões meio esotéricas ou ciências novas, dessas que se ouve muito questionarem, acho válido, pelo menos, considerar as idéias principais. Isso porque, simplesmente, desconhecemos ainda muita coisa, como é o caso de muitos dos programas que ‘rodam’ em nosso cérebro e determinam nossa forma de agir e pensar. E esta, pelo que entendi, é uma das questões que neurolingüístas tentam explicar: como  construções verbais influenciam e/ou determinam nosso comportamento.
Alguns estudos mostraram que construções positivas trazem mais benefícios do que as negativas. Por exemplo: para alguém que deseja emagrecer, ao invés de usar "não quero engordar", mais produtivo seria dizer “quero emagrecer” devido à forma como o cérebro, supostamente, processa as negações. Fato é que, palavras dão comandos, e comandos geram ações. Lembrando do treinamento que recebem soldados – alguns, verdadeiras máquinas de matar –, acho que essas idéias têm certo fundamento.
Algumas pessoas gostam de ficar dizendo "Ich kann nicht" (eu não posso) – e acabam não podendo mesmo! Mais eficiente mostrou-se o  slogan obamístico: “Yes, we can!” (Sim, podemos!). Bom, a eleição do presidente de um país envolve muitos outros fatores, e esse foi apenas um exemplo inocente, nada prova, nada mais.
Se palavras influenciam ou determinam nossos pensamentos e ações, deveríamos MESMO prestar mais atenção ao que cantamos para nossos pequeninos, independente de idioma. Ameaças como “boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta”, “nana neném que a cuca vem pegar” ou comportamentos maliciosos como “Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada, Samba-lelê precisava é de umas boas lambadas”, “atirei o pau no gato” etcétera são letras que, conscientemente, evito ou tento mudar.
Helena Frenzel
Publicado também no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 28/10/2011
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T3302561

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