segunda-feira, 6 de junho de 2011

Erros, Vagas e Leitura... Ó!


Estou tentando me livrar da insana mania de ler jornais, mas é difícil passar um dia sem saber o que está se passando no mundo, e no Brasil. Sim, esses jornais online, jornais pés-de-chinelo,  como um comentarista já me acusou de ler, são a forma mais rápida para eu não perder de vista o que anda se passando no meu país. Afinal de contas, tenho ainda muitas raízes por lá e não estou nem um pouco afim de cortá-las. Hoje cedo, li na Folha Online a nota: Erros de português podem eliminar candidatos a empregos (1). Chamaram-me a atenção os tipos de erros considerados mais sérios.

Citando: “Ainda que seja chamado para a entrevista, o candidato é visto com ressalvas pelo recrutador, afirma a consultora Cíntia Bortotto. Para ela, os erros mais sérios são as trocas de 's' e 'z', como na palavra 'análise' (correto) e 'análize' (errado), e de 'x' e 'ch', como 'baixar' (correto) e 'baichar' (errado)."[Para evitá-los], basta passar o corretor do programa de texto", ressalta.”

Boa a dica do corretor, mas o problema é outro (minha opinião!).

De um ponto de vista fonético, parece não haver diferença entre /s/ e /z/ e /x/ ou /ch/ nos exemplos citados. Daí a freqüência do erro. É bem diferente em casos como ‘carro’ e ‘caro’, onde a diferença fonética entre /rr/ e /r/ ajuda muito na hora de escrever. Português está longe de ser uma língua fácil e, em minha opinião, uma das línguas românicas mais arcaicas que há. Por isso mesmo parece ser tão difícil usá-la corretamente no dia-a-dia, o que mostra o quanto o ensino da norma culta não se pode negligenciar.

Quem, na hora de escrever, tem dificuldades em distinguir palavras com /s/ e /z/, /x/ ou /ch/, só para citar alguns exemplos, geralmente não tem o hábito da leitura, ou se o tem, restringe-se a textos de qualidade duvidosa que recheiam o mundo online, pois, dentre outros, o hábito da leitura ajuda a internalizar a gramática, pelo menos em sua forma escrita.  Ou seja, pra não cair nestas armadilhas só vejo dois caminhos: estudar gramática e ortografia à seco ou ler bons textos.

Eu, que já peguei a Escola avacalhada, penso que meus ancestrais tiveram acesso a um Português muito melhor do que o meu, no entanto, na hora de passar por qualquer entrevista jamais tive medo: antes de qualquer conhecimento específico, continua tendo grande vantagem quem sabe usar bem a própria língua, e nos mais diferentes sentidos e ocasiões. E isto qualquer um pode aprender, basta querer e esforçar-se para tal.






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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 04/06/2011
Reeditado em 16/12/2011
Código do texto: T3013356





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