quinta-feira, 28 de abril de 2011

Auf Wiedersehen! Até mais ver!


Aos que acompanham minhas publicações no Bluemaedel e também no Recanto das Letras:

Em primeiro lugar agradeço pela atenção, leituras e comentários e, em segundo, informo que, como nos próximos meses não poderei estar interagindo regularmente nestes sites, ao invés de suspender o envio de novos comentários e tirar de quem deseja a opção de comentar, decidi-me pela moderação, solução que me parece um bom meio-termo para este novo período de afastamento. Uma navegadinha aqui e acolá talvez me seja permitido, pois pausas existem e devem ser aproveitadas com coisas que nos dêem prazer, mas nada posso garantir! Já a opção ‘contato’ permanece ativa e à disposição — salve o velho e bom Email!!

Pois bem, como escrever e interagir não depende só de vontade ou inspiração, muito mais de tempo e  disposição para se poder sentar, pensar e refinar idéias, e como minha previsão para os próximos meses é de muita ‘ocupação’, despeço-me aqui, temporariamente, com votos de saúde e sucesso a quem leu também esta cartinha. Grata pela companhia, inté!


Um abraço fraterno,
Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 28/04/2011
Código do texto: T2935920





Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Favor informar o nome da autora. Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Amanhecer com o Mar

    Foto: HFrenzel


Dia clareando, aos poucos, acordaste e tiveste a sensação de que teu corpo levitava. Bom era estar ali naquela cama fofa de areia. Areia, cogitaste. Um cheiro de areia entrou com licença em tuas narinas então te sobressaltaste por sentires, de repente, uma onda gelada tomar conta, primeiro, de teu peito, virilha, pés, depois o contrário, indo parar na cabeça que ergueras por instinto evitando assim a inundação dos orifícios faciais. O que acontecera, te perguntaste e tentaste olhar ao redor. Uma praia, a princípio, deserta. Braços imóveis ao longo de teu corpo voltaram a viver. Te apoiaste neles, ergueste o tronco. Olhos pesados e ardentes, boca seca, gosto de sal. Buscaste rápido reconhecimento, um mínimo sinal. Não recordavas nada. Nova onda gelada, com mais volume, fez-te apressar os movimentos. Com o corpo apoiado nos joelhos tentaste pôr-te de pé. O que estaria acontecendo, perguntaste-te outra vez. Água lambendo areia por todos os lados, quilômetros de praia era só o que conseguias ver, pouca vegetação rasteira e dunas que te ocultavam a vista de boa parte do litoral. Nenhuma lembrança em tua cabeça, nem ao menos conseguias dizer quem eras. Checaste teu corpo, sentindo a areia fugindo sob os pés, e buscaste terra seca, base onde pudesses te apoiar. O dia estava belo e o sol abria lento o leque que até agora havia escondido seu brilho. Sentias que o calor te atingia e era uma boa sensação. Percebeste teus movimentos e agora sabias que podias correr. Não sentias feridas, sinais de sede e fome também não. Antes que pensasses por onde podias começar, percebeste sons e movimento trazidos pelo ar. Correste em direção a uma das dunas, de onde os estímulos pareciam vir. Aproximaste-te devagar, pois sentias algo estranho, algo que não conseguias definir e não sabias porquê. Tinhas a impressão de que antes bem o saberias, mas antes do quê? Te afogavas tanto nas indagações que te faltou chão. Tentaste respirar fundo e não conseguiste. Chegaste ao topo da duna arrastando-te na areia, quase sem forças ao final. Não querias chamar a atenção dos homens que trabalhavam. Sim, pareciam trabalhar e te deste conta de que bem sabias o que estavam fazendo. Aos poucos voltaram os conceitos, e como o sabias, sem sequer saberes teu próprio nome ou quem eras, era o que te intrigava mais. Titubeaste em pedir ajuda. Decidiste, então, tentar. Os homens, ocupados demais. Cambaleando, aproximaste-te, e agora via deles as costas, e estavam em roda. Continuavas a gritar e seguiam sem dar-te atenção, o centro da roda era tudo. O que estaria acontecendo, perguntaste-te mais uma vez. Um dos homens se levantou e deixou que, no meio da roda, visses teu rosto salpicado de areia. Estavas ali, e ao mesmo tempo, lá. Sentiste-te traspassar por uma umidade vermelha, antes sem cor e que pensavas ser do mar. De teu peito cravado esguichava o fluxo que amanhecera sob ti. Questões não tinham mais sentido. Era certo: estranhamente, aquele mar imenso, indo e voltando, pareceu ter sido sempre parte inseparável de ti.



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Não sigo o novo acordo ortográfico em Língua Portuguesa. Se deseja reproduzir este texto, no todo ou em parte, favor respeitar a licença de uso e os direitos autorais. Muito obrigada.
Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 25/04/2011
Código do texto: T2929827




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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Plano B


Condenado por um crime que não cometera, ex-bancário bem-sucedido, decidiu-se a não deixar sua vida se acabar na prisão. Visando também uma condicional por bom comportamento, apresentou suas idéias ao diretor da casa e, com a ajuda deste, criou uma empresa com fins de reabilitação. Bom para ele e outros presos, negócio da china para o diretor. Anos e anos viram aumentar os lucros que, com os conhecimentos do ex-bancário, caiam, em sua maioria, na conta do diretor, desviando das garras do Leão. A coisa ia tão bem que, aproximando-se a data dele obter sua condicional, o diretor lhe disse, mais ou menos, numa noite chuvosa, referindo-se ao caixa dois: "Nos próximos anos há muito trabalho para você, aqui. Isso não é maravilhoso? São tantos desempregados lá fora...” Deveria ter sabido que o diretor não abriria mão de sua galinha dos ovos de ouro e, naquele instante, compreendeu que era o fim. Foi para a cela determinado a acabar com tudo àquela noite. Apagaram-se as luzes e... aquele mundo não era para os bons. Seu único amigo, vizinho de cela, sabedor de seu desengano, passou a noite em claro pensando no que o amigo poderia fazer. E fez! Dia seguinte, a cela era o lugar mais limpo. Abrindo caminho no meio do esgoto e da enxurrada da chuva, ele renasceu para a vida, num túnel que passara anos cavando, em silêncio, em segredo, com resignação, cujos metros finais romperam-se com a força das últimas palavras do diretor. Que esta história fosse minha, bem queria eu. É, mais ou menos, parte da história de Um Sonho de Liberdade (1994), filme de Frank Darabont que nos mostra, acima de tudo, a importância de se ter sempre (na vida) um plano B.


Texto publicado no BVIW.




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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 16/04/2011
Código do texto: T2912378




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terça-feira, 19 de abril de 2011

Em se tratando de chances...

    Foto: HFrenzel,  Figuras de uma das séries Kinderüberraschungseier


“Em se tratando de chances, mais fácil cair um meteoro do que a senhora engravidar, nesta constelação, é claro, e por vias naturais.” — ouviu ela dos médicos. Seu mundo caiu, mas fazer o quê? Vive-se como pode e especialistas falam do que bem devem saber. Daí seguiu a vida, que nunca há de parar. Nós, sim, paramos, ela segue a girar. De volta à vida, rever planos: nova área de estudos, outra profissão — “Tudo novo de novo, vamos nos jogar onde já caímos. Tudo novo de novo, vamos mergulhar do alto onde subimos”, canta Moska(1). E nos jornais do mundo de todo dia é criança na lagoa, no lixo, jogada da janela, rejeitada na barriga, abandonada no hospital. Filhos: quem não quer, tem; quem tanto quer, não consegue ter. Por que isso? Coisas da vida, vá saber! Cuidar da saúde, deixar o tempo curar, aceitar a situação. Adoção tampouco é substituto, tem que ser escolha consciente, de coração. Tempo é fundamental, e cumpre sua missão: do céu caiu uma estrela, não um meteoro, e ela fez um pedido, não fugindo à tradição — “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.” (Mateus 7: 7-8). E a estrela aninhou-se no lugar mais inesperado, justo onde ‘não poderia ser’. Assim, sem mais nem menos, nem ajuda da ciência, a não ser da mente humana ou de forças sobrenaturais um milagre acontecera, como tantos de todos os dias que quase ninguém vê. De uma varanda, acariciando a estrelinha, presente mandado do céu, lembrou-se das palavras dos médicos, confrontando-as com as de Deus... Aquele que tudo pode, TUDO faz acontecer!

(1) Trecho de Tudo Novo De Novo, Paulinho Moska

Texto publicado no BVIW.


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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 15/04/2011
Código do texto: T2910629




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sábado, 16 de abril de 2011

Ah, esta geração...


A essas horas e você já enfurnada aí?! Não acredito! Não se envergonha não?! Olha o dia lá fora, tão bonito... Vai passar o dia inteirinho aí, na frente desse computador? Depois reclama que é dor nas costas, que tá gorda, que os olhos não param de arder... Eu, hein? Por acaso já comeu direito hoje? Ah, não enche?! E isso lá é jeito de me responder?! Tô pra ver, viu? Esse mundo está mesmo virado... E as suas tarefas, você já fez? Vai fazer depois? Depois quando?! Olha a bagunça deste quarto! E é roupa, é sapato, livro, tudo espalhado pelo chão. Só mais um pouquinho que já vai sair? Me engana, viu? Só isso que você sabe dizer! Ah, se eu tivesse a sua idade... Dez minutos, dez minutinhos! Se não sair, vou cortar sua conexão!!

Saiu do quarto desanimada, bateu a porta e, na cozinha, disse para o pai: Não sei mais o que fazer com a mãe, mesma história todo santo dia! Ah, esta geração... Acho que você é que está certo... Pelo jeito, vamos ter que internar — e erguendo a voz em direção ao quarto: —  VAMOS TER QUE INTERNAR!!



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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 14/04/2011
Código do texto: T2908587


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Culpa dos Camarões!


Dizem que foi assim: podre de chique, a moça conhecia vários povos e países. Línguas, falava bem mais de seis! Daí que, num evento dito, designada foi pra assessorar um rei, soberano lá de uma terra em que não se fala Português, mas outras línguas irmãs. No dia fatídico, de protocolos e horas sem passar, era ela só cansaço, pura preocupação numa cúpula em que, para o bem ou para o mal, traçam-se destinos mundiais. Era o calo do sapato, a enxaqueca e a saia justa, incomodavam também os discursos pra-boi-dormir. Pra completar, os camarões do coquetel anunciaram um motim: “Ops, agora não!” Olhou para o rei, que também a observava, e sorriu, tentando disfarçar. “Meu Deus, essa gente só fala, quero ver agir!” Saiu um chefe, o outro se preparava: “Ah não, logo o amigo do Chapolim?!” E ela se torcendo na cadeira, a pouca distância do rei. No meio do discurso do Vermelhinho, quando todo mundo já estava de Ó cheio de tanto ouvir repetições, a barriga deu nó cego e ela soube do pior. Sentindo o suor, recorreu a Deus: “Faça com que ele se cale, que chegue logo ao final...” e na crista de um tsunami intestinal soltou um “acabe logo com isso!!”, alto o suficiente para o rei ouvir e dirigir a ela, sem entender, o “Por que não te calas” mais famoso que a História já viu. Sem nada mais poder, correu ela para um banheiro, quase não dava tempo de chegar. Enquanto se aliviava, o rei tentava acabar com o mal entendido: a fala fora para ela, não para o amigo do Chapolim. O motivo?! Até então ninguém sonhava: a culpa sempre é dos miúdos, e dessa vez, dos camarões!


Texto também publicado no site BVIWtecendoletras - vencedor da taça bronze na 22a. rodada de desafios com o tema 'Acabe logo com isso!'

A taça prata foi para 'Do amor ao cálculo', de Marília de Dirceu e a ouro para 'Senhora do meu tempo', de Ângela Ramalho.

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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 12/04/2011
Código do texto: T2904678


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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um texto pra ser relido


Um texto pra ser relido é todo aquele que incomoda o leitor, creio. Por vezes irrita, encanta, até ofende, certo é que a presa não consegue, tão simples, livrar-se da magia que aquela cadeia de símbolos causou. Pode ser um texto inconveniente, por vezes até mal escrito, considerando-se apenas critérios superficiais. Um texto provocativo, independente, ativista, anárquico ou masoquista, sádico até. Pode ser algo novo, original, ou retalhos de outros, um texto completo e cheio de lacunas, por acaso ou proposital, caótico ou planejado, sobretudo um texto que fica na cabeça, que por mais que o tempo passe não consegue extirpar as raízes que incrustou por lá, na terra fofa da memória. Pode ser um texto do qual muitos falam mal, ou ao contrário: muito bem. Um texto safado, um texto bobinho, antigo ou moderno, realista ou surreal, com perguntas abertas por gerações. Exemplo típico: “Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.” — miniconto atribuído a Augusto Monterroso. O que tem esse texto? O que teria o autor querido dizer? Assim como a nossa Capitu, ninguém jamais poderá, categórico, dizer: desvendei o segredo, nada mais resta a descobrir. Será? Pra terminar, um devaneio: puxa, como almejo escrever textos assim!


Texto publicado no BVIW.
Inspirado após leitura de 'Um texto triste', de Meriam Lazaro.


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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 12/04/2011
Código do texto: T2904042



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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Olhai os lírios do campo - Érico Veríssimo - Lembrança Literária

Foto: HFrenzel - Um campo para nele se perder... 

Era ainda criança ou já adolescente quando li este livro. Lembro do personagem principal que, se não me engano, chamava-se Eugênio e cujo complexo de inferioridade chamou-me na época muito a atenção. Antes de eu ler o livro, lembro que haviam exibido na TV uma novela baseada nesta história, com Nivea Maria no papel de Olívia e Rosa Maria Murtinho, se não me trapaceia a memória, a dona rica e mimada com quem Eugênio viria a se casar. Lembro do figurino antigo, de plumas brancas e chapéus da cor lilás. Lembro, pelo livro e não pela novela, que Eugênio e Olívia tiveram uma filha, Ana Maria. Li esse livro uma única vez, mas ele me marcou tanto que certas passagens sobreviveram à passagem do tempo em minha memória. Foi lá, neste livro, que pela primeira vez descobri a beleza e a simplicidade dos lírios, muito antes de outras belas passagens bíblicas — textos magníficos que mais tarde viria a descobrir.

Digo que me marcou o complexo de inferioridade do médico Eugênio, pois ainda hoje me dá pena ver como certas pessoas cospem suas frustrações em cima de outras, e de graça, simplesmente por não se conhecerem bem, não conseguirem enxergar em si mesmas coisas tão óbvias que comportamentos e palavras só fazem denunciar. Ao longo do romance de Veríssimo, Eugênio, o protagonista, sofre grande evolução, ajudado por Olívia e, após a morte desta, pela menininha Ana Maria. Pena que, na vida real, pessoas que sofrem do mesmo mal que Eugênio sofria muitas vezes não conseguem sair do lugar. Dá pena, muita pena observar casos assim.


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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2011
Código do texto: T2900151


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terça-feira, 12 de abril de 2011

Tentar escrever crônicas: exercício pra lá de legal!

     Foto: HFrenzel - Amarelinha com a inspiração


O Texto abaixo foi publicado no BVIW. Reproduzo aqui com pequenas alterações:

Compartilho um pouco da minha pouca experiência no BVIW, a quem possa interessar. Tem sido animador participar das rodadas, seja com um texto para ser apreciado, ou apenas com comentários, ainda mais quando desconheço o tema proposto. Quando não sabemos quem escreveu um texto, penso que fica melhor avaliá-lo. Afinal, nas chamadas peer-reviews, revisões de textos científicos, o processo é mais ou menos o mesmo: cada especialista recebe uma quantidade X de textos, dá o seu parecer técnico sem saber quem são os autores. Se o artigo ou texto for aceito para publicação, aí sim, sabe-se quem o escreveu. Isso torna o processo mais leal e justo, penso eu. Com o tempo, penso que nos acostumamos com certos estilos, e somos capazes de dizer, como uma criança que decifra, sem perceber, a gramática de sua língua materna, quem o escreveu. Noto que isso acontece quando ouço composições de Djavan ou Mozart, por exemplo, interpretadas por outros artistas. Por tanto gostar deles, conseguia sentir se as peças eram deles, ou não. O mesmo se dá com textos de autores que leio constantemente, que leio por gostar. Às vezes me pergunto como fazer para fugir dos vícios do meu próprio estilo e, escrever, a cada novo texto, a cada vez, com uma proposta literária diferente, dificultando para o leitor sem o saber. E fazendo isso, lógico, de forma lúdica, pois outro prazer e motivo ainda não encontrei para escrever. Não penso que eu seja cronista. Por isso mesmo tem sido bom estar publicando vez em quando por lá e aprendendo muito com as colegas!

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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2011
Código do texto: T2899948


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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Textos: a devida apropriação

    Colagem: HFrenzel


Apropriação devida é a que faz o leitor com qualquer texto. Penso ser um erro de certos autores pensar que um texto, fora direitos autorais, uma vez publicado será sempre ‘seu’. Cada leitor faz dele a interpretação que lhe convém, por vezes até descobrindo coisas que o autor ou autora não havia se dado conta de ter ‘dito’ até o momento da publicação. Isto aconteceu já com vários dos meus escritos experimentais. Há gente que pensa que certos escritos são autobiográficos, como as Memórias de Maria Teresa e Ana Tanque de Guerra que, às vezes, gostaria mesmo de ter sido ou ser como elas, mas não sou. Legal reconhecer em nossos personagens fragmentos de nós mesmos, mas também de pessoas que compartilharam (ou compartilham) uma poltrona na viagem da vida, no trem, ônibus, barco ou avião. Principalmente nos contos, onde me perco e me acho, e em alguns deles pouquíssimos leitores parece que decifraram a verdadeira face ou máscara que escondi por lá. Gostosa essa sensação das diversas recepções, mas sem exageros! Sinceramente, muitas vezes escrevo para um leitor que mora dentro de mim, para alguém a quem gostaria de surpreender, alguém que não tem sexo, cor, nem idade. Sempre que leio algo, e gosto muito, pergunto-me o que tem o texto que me atraiu, que me surpreendeu ou me marcou, e quando escrevo para o meu leitor interno, muitas das vezes é pensando nessas emoções que queria despertar. Escrever é uma terapia gostosa, também uma arte sem igual. A certos autores, geralmente noviços, sempre é bom lembrar: se seus textos são como filhos, lembre-se que filhos são do mundo, não dos pais e se não querem que deles se apropriem o leitor, melhor não publicar.



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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2011
Código do texto: T2899775

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domingo, 10 de abril de 2011

Coisa boa, recomendo!

Presente de Isabel Coutinho

Pra quem gosta de artesanato, mais uma boa opção! Visite o blog Ateliê casa da vovó Acy, também na minha lista de 'Naveganças'!

O Mago – Biografia de Paulo Coelho por Fernando Morais – Comentário Emocional


Acabei de ler este livro, em Alemão. Acabei não, minto; hoje pela manhã cheguei à última página, e agora já são 19:42. Pois bem, impressões: a história de que trata este livro é um tributo ao poder da propaganda e do capitalismo, ao conhecimento e à exploração de uma das maiores fraquezas humanas: a superstição. Por outro lado, um livro muito bem escrito, uma história de vida que não deixa de ser interessante, por vezes tanto, que cheguei a duvidar de que as coisas tenham sido exatamente como foram contadas, ainda mais do ponto de vista de um amigo e admirador, como se declara o biógrafo. Outra coisa que me entristeceu foi a clara impressão que ficou de uma inteligentíssima exploração da superstição do ser humano. Talvez essa, em minha humilde opinião de leitora-ninguém, a razão para o sucesso deste ‘fenômeno’ de vendas (aqui me refiro ao biografado). Não me arrisco a dizer fenômeno da literatura, pois a literatura (brasileira e mundial) só perde em qualidade com coisas deste tipo. Do começo ao fim a mensagem me pareceu clara: Coelho sempre sonhou ser mundialmente famoso, coisa que, de fato, conseguiu, ninguém duvida, e neste ponto é mesmo a história de um vencedor — Aqui na Alemanha, por exemplo, único autor brasileiro que se encontra fácil em bibliotecas e livrarias. — A pergunta que ficou, porém, foi: “A que preço?” Outra coisa, ninguém pode acusá-lo de charlatanismo: ele disse que queria ser famoso, e em nenhuma linha do livro lembro de ter lido que queria ser bom escritor. Antes de ler esta biografia, os únicos livros de Coelho que já havia lido foram ‘O Alquimista’, uma versão em Inglês que veio quase de graça numa dessas promoções de liquidação, e ‘Verônica decide morrer’, versão em Alemão que comecei a ler e nunca terminei. E olhe que ambos livros são bem pequenos em quantidade de páginas. Talvez termine agora a leitura do segundo, por curiosidade, também por, na biografia, ele ter sido ‘apontado’ por um leitor famoso (Umberto Eco) como o melhor livro do autor. Eco também declarou, conta o biógrafo, não ter gostado de ‘O Alquimista’, pela simples razão de que Paulo Coelho escreve para ‘crentes’, e ele, Eco, para ‘descrentes’. Tenho lá minhas dúvidas sobre as declarações reproduzidas nesta biografia, mas quem sou pra questionar, não? Toda história depende muito de quem a conta. Após a leitura, restou-me uma certeza: não perdi meu tempo jamais tendo me deixado seduzir pela propaganda de Coelho, e como não sou ‘crente’ (no sentido de pessoas, segundo Eco, para quem Coelho escreve), jamais corri sequer o risco de me deixar seduzir por um tal tipo de ‘literatura’. Ah, após a leitura fiquei com mais nojo ainda de 'autores' que fazem fortuna plagiando outros, descaradamente, do mercado editorial e das instituições 'literárias' que vendem seus ‘princípios’ na esquina, para qualquer um. Deste mundo ‘literário’, em qualquer lugar do mundo, Deus que me proteja e guarde! No entanto, é bom saber que estas coisas existem.

Aqui registrei unicamente as sensações que ficaram após a leitura do livro. Para informações técnicas, consulte um resenhista profissional de sua confiança.

Texto escrito em 18.03.2011, 19:40



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Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 09/04/2011
Código do texto: T2898136


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sábado, 9 de abril de 2011

Coisa boa, recomendo!!

Em minhas naveganças, que não são tantas assim, topei com o texto Coisa de Mulher, de Isolda Herculano. Me identifiquei tanto que passo adiante, ainda que sirva só para reflexão.  Como disse a Beauvoir: "Você não nasce mulher, você se torna!" E esse 'tornar-se' depende muito, muito mais do que pensamos, de modelos psíquicos e sócio-culturais. Viva a liberdade de ser o que se é!

Um abraço fraterno :-)