sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Trinta Contos de Euros & Três de Natal by Calaméo





Coletânea de contos "avulsos" publicados no Recanto das Letras entre 2008 e 2010.

Você pode baixar em PDF (tamanho reduzido) no Recanto das Letras ou ler no Calaméo.

Comentários e críticas construtivas são sempre muito bem vindos!

A seguir, mensagem de lançamento publicada no Recanto das Letras:



Trinta Contos de Euros e Três de Natal

Doze de novembro: ótimo dia para publicar uma nova coletânea de contos aqui no Recanto. Coletânea, aliás, pronta desde setembro, porém aguardando o dia certo para ser colocada no ar. Não se trata de marketing ou coisa do tipo, e sim de um presente, um presente elaborado com muito carinho para alguém muito, pra lá de especial! Novembro é um mês do qual gosto muito. Além de ser mês de aniversário de pessoas que amo, é o meu mês de aniversário aqui no Recanto.

Este ano, para comemorar, nenhum novo texto ou o trivial. Não, nada disso. Ao invés de publicar coisas novas me propus a pôr em dia visitas há muito tempo devidas, uma lista com mais de 253 nomes de colegas que pretendo visitar ainda este ano, e ler pelo menos um texto de cada um. Acontece que são muitos, muitos colegas mesmo, muita gente escrevendo aqui no Recanto e pela internet. Do objetivo traçado, 112 colegas já foram visitados de 17 de outubro pra cá. Fora os colegas que me visitam frequentemente, com os quais consigo manter um contato mais estreito. Pensa que é pouco?

Outro dia registrei a quantidade de textos publicados aqui no Recanto. 968461 poesias, 87901 poetrix, 56783 prosa poética, 62331 sonetos, 93189 crônicas, 68444 contos e 36229 artigos. Parei por aí. Um total de 1.373.338. Se eu tivesse 1 ano para ler todos estes textos, e com os números congelados, minha ração diária seria de uns 3.760 textos! Se eu não tivesse nada mais prioritário para fazer, capaz até de conseguir, porém...

Por isso se formam grupos por afinidade, ou ‘panelas’, como já ouvi por aí (e quase sempre num sentido pejorativo). Eu vejo a formação de grupos como algo natural. Basta observar como os elementos se juntam na natureza.

Muitas vezes reservo-me o direito de somente ler, sem deixar rastros ou comentários, o que não significa que eu não tenha gostado do que li. Comento apenas quando tenho algo importante a dizer, acrescentar ou questionar, ou quando o impulso é maior. Sei lá, já há tanto lixo sendo produzido diariamente na internet, pra quê eu, logo eu, iria querer contribuir, aumentando a lista de opiniões vazias que circulam por aí? Acho que, com as palavras, neste sentido, devemos ser econômicos. E por isso mesmo vou começando a fechar o texto por aqui. Já falei demais!

Bom, a coletânea Trinta Contos de Euros e Três de Natal foi montada para uma pessoa em especial, como já disse, o que não me impede de compartilhá-la também aqui. A idéia é oferecer uma opção a mais de acesso aos textos. Sei que o formato impresso ainda é preferido por muitos, no entanto, não sou de subestimar o formato eletrônico.

Os E-livros que até agora publiquei foram pensados para ter um aspecto caseiro, digo: da produção do texto ao design e passando pela distribuição, tudo feito à mão, num espírito artesanal, e não com os recursos mais adequados, pois assim seria fácil demais (para isso existem os profissionais e os processos industrializados). Tudo o que tenho feito até aqui tem sido regado por um imenso prazer de brincar e um desejo de fugir das produções de massa. Nem todo mundo entende isso, algumas pessoas dão mais valor a objetos produzidos em série do que a objetos de própria confecção.

Nesse ponto, meus leitores (aos quais sou muito grata!)  jamais poderão dizer que não penso neles. Pois cada decisão (no texto, no design ou na confecção) os teve em primeiro plano. Isso não garante que o produto final esteja livre de defeitos, apenas que foi feito com cuidado e muito amor. Espero que gostem!

Um abraço fraterno.
Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 12/11/2010
Código do texto: T2611528


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domingo, 7 de novembro de 2010

A Pane

Acordou sobressaltado. Precisou de alguns segundos para recordar onde estava. Moveu o mouse para reativar o sistema. Mirou a câmera presa ao monitor, à sua frente. Trazia ainda marcas do teclado num dos lados do rosto, e no outro um rastro branco, de baba. Não soube por quanto tempo estivera dormindo. Esperara, ávido, por  respostas, ou melhor: reações. Precisava ir ao banheiro. Apressou-se, não quis perder tempo lavando as mãos. Quando voltou, a tela exibia o navegador, ainda a última página: 14569987647 amigos online. Atualizou-a. Pânico! Verificou programas e aparelhos, correu ao telefone fixo: ‘Mudo também?!’, Vasculhou o bolso da calça: ‘Smartphone fora de área? Impossível!’ Reiniciou todo o sistema e ‘Ainda sem conexão?!’. Alguma coisa acontecera enquanto dormia. Tinha que fazer algo, não podia ficar alí parado, vendo seu mundo ruir. Passaram-se dias, e nada. As reservas de comida chegaram ao fim. Não entendia o surto, nada funcionava: internet, telefone, TV a cabo, nem mesmo o termômetro digital, lá fora. Energia elétrica ainda havia: ‘Uma esperança?’. Percorreu, desolado, a longa lista de amigos, agora sem qualquer serventia. Até para pensar necessitava de auxílio. Buscou em desespero, na lista de programas, um editor que funcionasse sem a rede. ‘Viva os TXTs!’ Daquele desastre, tentava ainda fugir à terrível idéia de, pela primeira vez em anos, ter que pôr a cara lá fora, ter que sair e encarar pessoas — ‘Ai que horror!! Pessoas lá fora...’ —  Se houvesse alguém, pensou. Não queria mais pensar. Fechou o editor e, naquele momento, desejou com ardor ser um pixel, uma partícula qualquer que não tivesse sentido quando internet non c’è. Antes de desistir, comando final: num surto de coragem puxou os fios. Escureceu.



“Non c’è” (Italiano): usa-se para expressar ausência ou inexistência de algo ou alguém.


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Se deseja reproduzir este texto, favor respeitar a licença de uso e os direitos autorais. Muito obrigada.



Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras em 07/11/2010
Código do texto: T2601826


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